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Cineteatro e Centro Cívico Raimundo Magalhães - Agosto de 1957 a 2017 - 60 Anos de utilização públic

Corria o ano de 1950. Era intensa, em Vila Meã, a vontade de organizar eventos de índole sociocultural que pudessem alegrar o espírito da época, decerto bem marcado pela monotonia de uma vida de muito trabalho sem qualquer contrapartida de lazer ou entretenimento, tal era a escassez, quer de recursos financeiros, quer a falta de espaços onde essas actividades pudessem ser desenvolvidas.

Pela mão e, sobretudo, pelo espírito de António Pinto Marques, nasce a Associação de Beneficência de Vila Meã, instituição cujo objectivo fundamental era o de dotar Vila Meã de algumas estruturas de carácter social e cultural, nomeadamente Habitação Social, Apoio Social, Cultura e Lazer, entre outras.

Trabalhou depressa e bem essa Comissão: António Pinto Marques não deixa cair na sonolência o objetivo inicial. Ainda em 1951 partira para o Brasil em busca de apoio financeiro junto da família de Raimundo Pereira Magalhães, ilustre vilameanense. Os filhos deste, bem como a grande maioria dos accionistas das empresas da família Magalhães contribuem generosamente e de tal modo que, sendo o objetivo inicial da viagem a angariação de fundos para a construção de um bairro social com 30 habitações, o Bairro Brasil, a verba dobrou e tornou possível a concretização do velho sonho de se edificar um Centro de Convívio e Lazer que aí está: CENTRO CÍVICO E CINE TEATRO RAIMUNDO MAGALHÃES.

Iniciada a sua construção em 1954, a obra andou célere. Em 1 de Agosto de 1957, na presença do então Ministro das obras Públicas Engº Arantes de Oliveira, dos fundadores, da família de Raimundo Magalhães representada por quatro de seus filhos vindos do Brasil expressamente para o efeito, autoridades civis e militares da época, procede-se à inauguração desse moderno e belo edifício, de arquitectura peculiar do Estado Novo, desenhado pelo Arquitecto Arala Chaves, especialista na época em edifícios de cine teatro. Não mais parou a atividade nesse magnífico espaço. Desenvolveu-se a Atividade Teatral com a criação de um grupo cénico o qual levou à cena diversas peças de revista, sempre inéditas, saídas da imaginação de Carlos Babo com as deixas adequadas à realidade de Vila Meã na época. Foi intensa a participação de famílias inteiras nestes momentos lúdicos. Cada ensaio era uma festa (estávamos nos anos 50)! Para os jovens de então, participar no teatro representava a rara oportunidade de passar por momentos de convívio, diversão, namorico,e muita, mas muita, alegria e franca camaradagem. Veio o Cinema. Maravilhosa arte em franco desenvolvimento, puderam os vilameanenses assistir à exibição das melhores fitas até então só acessíveis aos mais afortunados com possibilidades para se deslocarem às casas de cinema dos maiores centros, hoje tão perto, mas na época tão distantes. E os grandes Bailes? Retumbantes, programadas ao pormenor, cativando a presença de jovens e menos jovens, verdadeiros pólos de encontro de amigos, pais e filhos sempre entusiasmados no convívio proporcionados por estas festas, as quais atraíam a Vila Meã famílias inteiras de vários concelhos vizinhos. Não se poderão esquecer as tertúlias vividas quer no bar quer no salão de festas do edifício. Toda Vila Meã se apercebeu da valia do Centro Cívico Raimundo Magalhães. A sociedade sabia (e continua a saber), que pode contar com este nosso espaço para a prossecução de fins meritórios. As instituições da área usufruem do espaço para aí desenvolveram as suas acções: * O Atlético Clube de Vila Meã passa, por três décadas consecutivas a utilizá-las como se fossem suas. * A Casa do Povo de Vila Meã aí teve a sua primeira sede! Gabinete de Secretaria e consultório clínico foi posto à disposição de toda a população. A Junta de Freguesia de Real instala-se aí, desde 1976 e até 1996 e usufrui do espaço. A Delegação da Repartição de Finanças foi acolhida, enquanto durou, nas instalações do Centro Cívico. Os Grupos Folclóricos de Vila Meã usam-na. Aí realizaram suas actuações, aí realizam seus convívios. Os Bombeiros de Vila Meã são fundados por escritura aí lavrada. Recorrem, e são atendidos, aos préstimos deste edifício sempre que o julgam necessário. O Externato de Vila Meã sabe ver no Cine Teatro um complemento de suas instalações, sempre disponível, e usa-as. As Escolas da região usam o espaço como complemento às suas atividades com frequência regular e em parceria permanente com a Associação. O Agrupamento de Escolas dispõe permanentemente do espaço. A Associação Empresarial de Vila Meã, aí fundada, usou as instalações como sede provisória e continua a usufruir do espaço. As Associações Juvenis usam intensamente as instalações. Desde a saudosa ASCER (primeira instituição em Vila Meã a dotar-se de Biblioteca ao dispor da população) inconformados com o marasmo cultural vivido), passando pelos Grupos de Jovens das freguesias de Real, Ataíde e Mancelos, os Escuteiros de Real e Ataíde, os Grupos Paroquiais e Comissões de Fábrica das freguesias da área. O Clube de Caça e Pesca dispõe das instalações sempre que necessita. O Centro Columbófilo de Vila Meã usou-as, anos a fio, semanalmente. As Emissoras de Amarante aí realizaram algumas das suas festas de convívio. A Banda Musical de Mancelos dispõe do edifício. Diversas Associações de âmbito municipal usam este espaço frequentemente. De imediato se cederam as instalações ao Grupo de Amigos do Hospital de Amarante em festas de angariação de fundos. Os Partidos Políticos requisitam e usam, indiscriminadamente, as instalações. A Universidade Sénior de Amarante (Polo de Vila Meã) usa o espaço semanalmente. A Câmara Municipal de Amarante tem no Cine Teatro de Vila Meã um parceiro sempre incondicionalmente disponível; sabe a Câmara apenas necessitar reservar data.

* Criou-se uma Escola de Música em 1999. Em 2007, uma Escola de Ballet . Em 2011 a Escola de Dança para Adultos. Escola de Karaté e outras artes conexas em 2011. Escola de Dança Contemporânea em 2014. Em Maio de 2007 fomos desafiados a adaptar instalações para aí se instalar um Centro de Novas Oportunidades. Graças à preciosa colaboração de Empresas locais criamos um verdadeiro Espaço de Formação, com cinco salas de formação teórica, sala de informática, gabinete de apoio e sala de reuniões. Este espaço, pela sua versatilidade, foi aproveitado pelo IEFP para aí se desenvolverem atividades de Formação Profissional, em curso, representando mais-valia para os utentes da região, pela proximidade. Do exposto se conclui do mérito público do Centro Cívico Raimundo Magalhães. Muito mais que de Utilidade Pública, se trata de Utilização Pública. Poder-se- á afirmar que o CineTeatro Raimundo Magalhães vive voltado para a sociedade. Não discrimina; não repara em quem bem faz; não o tolhe complexos de natureza social; não hesita por questões de bairrismos locais ou municipais; não se inibe por questões de natureza política. Já lá vão 60 anos sobre a inauguração do Cine Teatro.

O uso intensivo das suas instalações provocaram, naturalmente, o seu desgaste, bem como o tornaram desajustado às condicionantes legais para o exercício das atividades. Belo pelo seu exterior, de arquitectura característica da época em que foi construído, verdadeiro exemplar da arquitectura do Estado Novo, o seu interior, à base de materiais degradáveis pelo tempo e uso, tornou-o verdadeiramente obsoleto, desaconchegado, terrivelmente frio no Inverno e insuportavelmente quente no Verão; instalações eléctricas em colapso; telhado e sistema de caleiros completamente arruinados; cadeiras teimosamente iguais, duras, barulhentas e em avançado estado de degradação permitiam-nos classificar de "bravos" os que continuavam a usar semanalmente as instalações. Em Outubro de 1998 vimos aprovada candidatura ao SUB-PROGRAMA I, DGOTDU, através do qual a instituição recebeu um apoio lhe permitiu adaptar o salão no Piso 0 a eventos e à criação de nova cozinha/bar e instalações sanitárias enquadradas na legislação então em vigor. Em Novembro de 2012 a Associação elaborou candidatura, no âmbito do PRODER, Medida 3 .2.1, tendo em vista, de acordo com o previsto no respetivo Regulamento, ponto 2. b), a “refuncionalização de edifícios de traça tradicional para atividades associadas à preservação e valorização da cultura”. O respetivo projeto foi aprovado e apoiado quer pela COOPERATIVA DOLMEN, CRL quer pela CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTE que considerou de interesse municipal esta reabilitação, e considerado de interesse local e regional pelas instituições que dele fazem uso com regularidade. A intervenção caraterizou-se em: * Adaptação do edifício às normas previstas no que respeita a segurança, prevenção e mobilidade. * Recuperação das partes estruturais degradadas quer pelo uso, quer pela longevidade dos seus 57 anos * Consolidação da estrutura do palco, implementação de medidas de comodidade e conforto, tornando-o mais apelativo ao uso pela comunidade. É ainda longo o caminho a percorrer. A volumetria do edifício, a necessidade imperiosa de aquisição de equipamentos inerentes às atividades, de modo a torná-lo multifuncional, implica um investimento não enquadrável no limite da referida candidatura, nem tão pouco na capacidade financeira da instituição, mas que consideramos ser o momento de implementar. A multifuncionalidade do espaço implica os investimentos urgentes que se elencam: * Aquisição de Equipamento de Projeção de Cinema Digital HD, uma vez que o atual sistema se encontra obsoleto e inadequado à realidade. * Instalação de Sistema de Iluminação Cénica de palco, de necessidade bem evidente sempre que as associações locais e a instituição usam o espaço e precisam de recorrer ao aluguer do mesmo.

* Redefinição do sistema de cortinados, adequados ao cinema e artes cénicas. * Instalação de central de ar condicionado (só faltando o sistema fonte térmica). * Reabilitação do espaço outrora Bar, para a realização de atividades culturais diversas para públicos de menor dimensão, como exposições, tertúlias, sessões mais intimistas, palestras. Não tenhamos a ilusão que tal será possível com recurso apenas aos proveitos da instituição ou das receitas gerados pelas atividades aí desenvolvidas. Passa pelo apoio e envolvimento de todos: Autarquias, Empresas, Cidadãos. Vila Meã agradece.

Agosto de 2017 A Direção


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