Ricardo Matos brilha na estreia em Mortágua e vence Taça Nacional de Terra
Num duro e exigente rali que desconheciam por completo e para o qual só tiveram o Mitsubishi Lancer Evo IX pronto a poucas horas das verificações, Ricardo Matos e o navegador Carlos Matos estiveram em excelente nível nos troços de Mortágua e venceram a prova destinada à Taça Nacional de Ralis de Terra.
Depois da tempestade… a bonança. Ricardo Matos teve em Mortágua uma dos mais duras e difíceis provas da sua carreira nos ralis, tendo de ultrapassar um conjunto de adversidades que colocaram à prova o seu caráter determinado e resiliente. Tudo começou no teste de preparação que antecedeu o rali, quando a caixa de velocidades do Lancer Evo IX cedeu inesperadamente. Isso obrigou Ricardo Matos e toda a equipa técnica a um verdadeiro contra-relógio para ter o carro pronto a tempo das verificações técnicas, na sexta-feira. Após ter recorrido a uma caixa de velocidades emprestada, o piloto de Amarante conseguiu arrancar para o rali e fez depois uma exibição irrepreensível, gerindo com mestria uma prova que nunca tinha disputado antes e onde é preciso saber quando atacar e quando ser cauteloso. No final, tudo culminou com uma brilhante (e merecida) vitória em Mortágua, o primeiro triunfo da carreira de Ricardo Matos na Taça Nacional de Ralis de Terra. “É uma vitória que ambicionávamos há muito mas que tem um sabor muito especial por tudo o que nos aconteceu”, começou por referir Ricardo Matos. “Toda a gente sabe que tivemos vários problemas ao longo da época que nos impediram de andar no máximo das nossas capacidades na maior parte dos ralis. Como havia uma longa paragem no campeonato antes de Mortágua, decidimos fazer uma revisão profunda ao carro mas a caixa de velocidades partiu logo no teste seguinte. Foi um stress conseguir arranjar uma caixa de velocidades emprestada e montar toda a transmissão a tempo de ter o carro nas verificações. Basicamente, eu e a equipa técnica estivemos a trabalhar 24 horas seguidas, sem dormir, entre quinta e sexta-feira. Nem sequer tivemos tempo para alinhar o carro da melhor forma, e o mapa de gestão do motor também não era o mais adequado”, conta o piloto.
“Na Super Especial tinha vontade de dar espetáculo e descobrir como estava realmente o carro. Penso que conseguimos dar um bom espetáculo para o público e isso também nos deixou com outra motivação para o dia de sábado, que já sabíamos que iria ser muito duro. Em Mortágua não se consegue andar sempre a fundo, caso contrário é muito provável que tenhamos de desistir porque as mecânicas não aguentam. Assim, quisemos ser cautelosos nas zonas mais degradadas, pensando na mecânica, mas ao mesmo tempo sem nunca perder o contacto com os primeiros lugares, porque era importante manter a pressão sobre os nossos adversários. Acabou por surgir um problema mecânico ao piloto com quem estávamos a discutir a vitória (ndr, Luís Mota), algo que faz parte dos ralis e que já nos aconteceu a nós algumas vezes. Acabámos por gerir depois a nossa vantagem até ao final e quando chegámos ao último controlo eu nem conseguia processar muito bem aquele momento, o facto de termos finalmente conseguido vencer na Taça depois de uma temporada tão difícil, num rali que nunca tínhamos feito e depois de tudo o que nos aconteceu esta semana. É um sentimento muito forte”, admitiu o piloto de Amarante, acompanhado por Carlos Matos. “Num momento como este nunca poderia esquecer todos os meus amigos, aqueles que estiveram em Mortágua e aqueles que não puderam estar mas que me deram toda a força ao longo deste processo. Também tenho de agradecer de forma sentida aos nossos patrocinadores, que fazem um esforço grande para me ajudar e que foram fundamentais para termos conseguido esta ambicionada vitória: a Multirecursos, O Feliz, a CE UNO, a Rendupinta, a Heads Motorsport, a DMack, o Município de Amarante, que represento com tanto orgulho, e todos os outros patrocinadores, sem exceção. Uma palavra especial para o Miguel, que esteve comigo a trabalhar toda a noite no carro para que pudéssemos estar à partida e lutar por esta vitória. Quero também felicitar os nossos concorrentes, em particular o José Merceano que penso ter já assegurado o título da Taça e com todo o mérito”, concluiu Ricardo Matos. Depois desta brilhante vitória, Ricardo Matos e Carlos Matos vão agora preparar a derradeira prova da Taça Nacional de Ralis de Terra, agendada para a algarvia Vila do Bispo, nos dias 14 e 15 de outubro.