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"Não tem idade o conceito de arte"


Não tem idade o conceito de arte. Como manifestação mais nobre da comunicação entre os homens, ela existe muito antes da sua própria definição; o seu objetivo máximo será o de expressar emoções, ideias e ideais, em suma, a interioridade do que há de mais sublime no homem.

A palavra arte provém do latim ars, que significa qualquer atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, podendo assumir várias linguagens, como a arquitetura, a pintura, a escultura, a escrita, o teatro, o cinema, a dança, etc. Temos privilegiado neste espaço uma das formas de arte, a escrita, que, confesso, tem sido, ao longo da minha vida, a guardiã da minha alma, o celeiro das minhas emoções e das minhas aventuras. Falamos primeiramente de Pascoaes; outros se seguirão no devido tempo e na sua vez. Quase simultaneamente, noticiou-se a atribuição do prémio Teixeira de Pascoaes a Luís Quintais. Um prémio é sempre uma forma de reconhecer a grandeza, a beleza, a singularidade, o talento; mas mais do isso é uma homenagem viva direcionada para aqueles que lançaram a semente, que foram inspiração e motivação. Cabe-me, neste espaço também, homenagear outro tipo de arte: a da representação. Situa-se na Grécia a origem do teatro ou da representação, mas defende-se hoje que este teria início nos rituais antigos sob a forma de dança, jogos ou narração de histórias. A versão mais antiga dialogada teria surgido por volta de 2500 antes de Cristo e continua ainda a ser a arte de comunicação por excelência. Não é difícil de perceber porquê. Através dela, e através do distanciamento físico do espetador, o homem vê-se a si próprio representado, nos seus vícios e nas suas qualidades, nas suas monumentalidades e nas suas fragilidades, nas suas grandezas e nas suas fraquezas. Permite-se rir e até chorar de si próprio. Vila Meã não esquece a importância dessa arte, por isso assistiu, por exemplo, entusiasticamente, ao encontro de Cantadores de Janeiras, ouvindo cantar as janeiras, desta vez representadas e integradas no seio de uma família. (Recorde-se que esta é uma tradição em vias de extinção, por isso o agradecimento merecido.) Porém, e atendendo aos acontecimentos do dia 8 de fevereiro – A Tomada de posse da nova administração do Externato de Vila Meã - , permitam-me, parafraseando Teixeira de Pascoaes, que fale noutro tipo de arte: a arte de ser português, que eu contextualizo, definindo-a como a arte de ser humano, a capacidade interventiva do indivíduo para a construção do bem social; e ser solidário é ter consciência de que afinal somos elementos de um todo dinâmico e vivo e uma atitude singular pode bulir com a estabilidade e com o equilíbrio desse todo, do qual fazemos parte. Fernando Pessoa, através do seu semi-heterónimo Bernardo Soares, considera ainda que a arte consiste em “fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação” (in O Livro do Desassossego).


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